Wednesday, February 4, 2009

Nostalgia

And then she comes again like if the world was her playground
Ingenuity, purity, security
Thrown to the depts of hell by her
Go away life, and take time with you.

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Como as memórias são viciantes...
Como as lembranças nostálgicas são aliciantes
Como a vida passada parece sempre melhor que a de agora
Como qualquer tempo anterior parece bem melhor que esta hora

Tempos antigos onde as lágrimas não eram lágrimas
Mas sim meras jóias salgadas
Que escorriam para a língua a fim de nos deliciar
De nos compensar pelo motivo por que estávamos a chorar

Agora, lágrimas?
Por vezes penso que já nem existem
Não há tempo e sinceramente não há vontade
De sequer chorar de infelicidade

Tempos em que uma janela aberta não era fonte
De geladas correntes de ar
Mas sim janelas abertas ao mundo do sonhar
Em que o céu negro era enigmático
Em que estrelas eram bolas de luz mágicas
E não gases em combustão num qualquer sistema galáctico.

Vidas finitas. Mesmo não tendo acabado
Um qualquer momento já envelhecido
Esquecido para nunca mais ser lembrado
Uma pessoa, duas, uma multidão
Vozes perdidas
E o barulho do nosso próprio coração

Pulsações efémeras
Antes custavam tanto a encontrar
Agora até já decorámos o sítio onde as temos que procurar
Os mistérios da existência
Mecânicamente explicados
Aborrecimento eterno
Tragam-me de volta os meus dilemas passados

O tecto da minha casa
Que antes tinha um branco infinito
Agora apenas tem lascas
A estragar-me a visão
Lascas essas
As lascas na minha recordação

Os choros desalmados
Por objectos enpreçados
Numa qualquer prateleira de loja
Esses choros perdidos e sem razão
Para lavar a cara
E os lençóis do meu colchão

A vontade de chegar onde não chegava
De dar um salto maior que eu
Agarrar-me em algo que cai
E gritar "não fui eu!"
Agora sou grande demais
E sempre que algo cai
(ou atiro algo de propósito)
Ninguém acredita que fui eu.

E só passaram 16 anos de existência
Continuará o tempo com esta insistência
De retirar os momentos de reflexão
Deixar apenas as correrias desenfreadas
As sensações de inutilidade
E os momentos de mais pura perdição?

Espero que não.



(Alice, em breve falo sobre o desafio que me enviaste)

4 comments:

Alice Cezar said...
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Alice Cezar said...

"aliciantes"
Nunca tinha prestado atenção ao radical dessa palavra. rs. Belo poema. As suas poesias são "reais" eu diria. Sem pressa. Beijo ;*

Alice Cezar said...
This comment has been removed by the author.
Supheeah said...

Gostei :D
Consegui identificar-me com aquilo que escreveste^^
Bom poema!